Arthur Ribeirão | Vídeo e entrevista
Quem frequenta as sessões de São Bernardo do Campo, certamente já viu o rolê de Arthur Aleixo, apelidado de “Ribeirão”. Além de carregar o nome de sua cidade – o apelido é uma alusão à Ribeirão Pires-, ele é conhecido pelas manobras técnicas e cabreiras no street, voar alto no park e por estar com a bike quase sempre destruída.
Durante os cinco meses de gravação (sempre aos finais de semana) para o vídeo do EAL, “Ribeirão” teve que trocar o quadro torto e amassado. Seu cubo cassete também estava com problemas e travava a roda traseira.
Arthur Aleixo explica que o estado da bike é resultado do seu estilo de andar. Ele gosta de forçar as suas manobras ao máximo, até onde consegue.
“Claro que eu me preocupo em não me machucar e muitas vezes não posso forçar o quanto gostaria para não quebrar alguma peça. Mas meu rolê consome um pouco sim. Estou sempre procurando obstáculos novos e difíceis. Manobras novas em corrimões e muretas, onde mais gosto de andar”, disse.
E como “Ribeirão” está sempre forçando o rolê, também encara alguns tombos bem feios. Mas isso parece não influenciar a sua evolução. Mesmo nos piores capotes, o garoto está sempre sorrindo.
“Muita gente já me falou isso. Que antes mesmo de cair eu já estou dando risada. Eu aprendo com meus erros e estou sempre feliz por ter começado a andar de BMX”, conta.
“Eu sei e todo mundo sabe que para aprender e evoluir você tem que cair e levantar mais forte e decidido com o seu próprio horizonte”, disse “Ribeirão”.
“Eu carrego isso comigo e não apenas para o BMX, mas também para a vida. Machucados? Eles vão sarar. E mais cedo ou mais tarde estaremos de pé novamente”, continuou.
O corrimão e o enquadro de Santo André
Entre as manobras do vídeo, destaque para o corrimão de Santo André, que é comprido e inclinado em uma grande escadaria. Arthur Aleixo explicou que já estava de olho no pico há tempos e foi a segunda vez que desceu o obstáculo.
“A primeira vez foi logo depois que me curei de uma contusão no tornozelo”, conta. ( Nota: Quem encara um corrimão desse após sair de uma contusão?).
Além de ter outra escada logo em frente, o corrimão é bem embicado no final. “É cabreiro. Ele corre muito e é muito comprido. Pega muito gás. Depois que passa da primeira metade fica louco”, disse Arthur Aleixo.
Para aliviar a adrenalina do corrimão, Ribeirão e a equipe de filmagem foram enquadrados pela Polícia – rotina para quem está sempre nas sessões de rua.
Ribeirão Pires não gosta de BMX
Arthur Aleixo começou a andar de BMX com seu irmão e alguns amigos. Na época, Ribeirão Pires, ainda não tinha uma pista e o BMXer encontrava dificuldade para treinar em sua cidade natal.
A única pista da cidade é lotada e bagunçada. Na rua, os guardas municipais confiscam as bicicletas e eles têm que fugir durante as sessões de street.
Para treinar, “Ribeirão” tem que se locomover para as cidades vizinhas do Grande ABC, como São Bernardo do Campo, Mauá ou Rio Grande da Serra.
O rolê é sempre a noite porquê ele trabalha com eletroerosão a fio, um trabalho que consiste em cortar placas de aço de 2 a 5 centímetros em chapas de 10 milímetros.
Humildade e respeito
Além de não deixar que as dificuldades o impeçam de evoluir, Arthur carrega consigo uma verdadeira paixão pelo BMX em seu estado mais puro.
“O melhor do BMX são as amizades. O importante é se divertir com seu próprio estilo sem se preocupar com o outro. Se você anda bem, o legal não é sentir-se melhor do que os outros, mas sim ajudar as pessoas que estão com você a evoluir também”, concluí.
Texto: Victor Sousa
Fotos: Marcelo Rios